Quando se faz essa pergunta, temos sempre resposta pronta querendo explicar, de forma a acusar ou apontar fatores externos a esses acontecimentos:
“_ porque alguém me magoou”
“_ porque estou desolado, pois meus pais não me entendem”
“_ porque meu namorado não gosta do que eu gosto”
“_ porque minha esposa não é como eu sonhava”
“_ porque meus filhos são decepções na minha vida”
E sempre muitas reclamações. São sempre muitos “porquês”, sem realmente estar certa a explicação... Alguém alguma vez explicou dessa forma: “_ porque eu sou um iludido.”? Bem provável que não, uma vez que assumir responsabilidades se torna fardo deveras pesado.
Mas é isso mesmo. A ilusão. A grande vilã da vida. Uma vilã construída dentro de nossas próprias mentes.
A ilusão nos cega, nos tornando escravos dominados de nossas próprias fantasias. A ilusão mascara a realidade, simplesmente a ignorando e montando no palco da consciência um show de fantoches alheios e programados. Sem dúvida uma válvula de escape da realidade poderosa e precisa.
Então, com a ilusão, construímos cenas, personagens e situações que apenas existem na mente, mas as projetamos para fora, para nosso dia-a-dia, para as pessoas que nos cercam. E pela ilusão tudo vai bem, porque “vai” como nós queremos, como imaginamos que é certo, que tem que ser. Mas um belo dia algo súbito acontece e destrói toda nossa ilusão. Mas claro, um castelo de areia está fadado ao desmoronamento, pois não tem alicerce forte. Destruída a ilusão, entramos nos mais escuros campos da mente e ali permanecemos, inertes ou desesperados, compulsivos ou abatidos, quietos ou nervosos demais; tudo em extremos e em demasia. E tudo isso porque a realidade se fez mostrar e a ilusão cedeu.
E então começam os problemas, dos mais variados: depressão, doenças físicas, desequilíbrios hormonais, paranóia, suicídio, entre tantos outros. A responsabilidade? Sua! Apenas sua! Que criou as ilusões por orgulho e vaidade. Ora, se ela está em você, é criação sua, então não culpe a vida ou os outros que são menos iludidos que você.
Porque no orgulho queremos que tudo seja feito a aconteça como nos convém. Queremos controlar tudo, a vida, as pessoas, a natureza, Deus! Mas a realidade sempre se faz presente, cedo ou tarde, para mostrar que estamos no caminho errado, no caminho do “faz de conta”, no caminho da ignorância.
Precisamos aprender a não sermos seres iludidos; a ter a consciência da vida e da realidade. Precisamos parar de nos escondermos em muros de areia e de querer controlar tudo e todos. É preciso que saibamos da realidade. Uma pessoa consciente da realidade não é “atacável”, não é “magoável”, não é ignorante, porque tem pleno entendimento de como a vida flui, das virtudes e faltas dos seres humanos, das atitudes que levam a uma ou outra conseqüência. Uma pessoa sem ilusão está preparada, ou se prepara constantemente às pedras que existem no caminho.
Então paremos de buscar o príncipe encantado, montado em seu cavalo branco, completamente perfeito; ou a princesa mais bela do reino, em seu castelo pomposo, completamente perfeita; ou os amigos que nunca discordam de nós, completamente perfeitos; ou, ainda, o melhor emprego do mundo, com patrão e colegas de trabalho maravilhosos e completamente perfeitos. E o mais importante de tudo: paremos de nos fazer completamente perfeitos para os outros. Paremos de cultivar o orgulho e comecemos a viver de verdade, a viver bem, a sermos nós mesmos, a respeitarmos nós mesmos e a nos dar a devida consideração.
Porque graças à falta de ilusão da vida, o mundo está repleto de diversidade de todos os tipos. É essa diversidade que impulsiona o mundo; é através dela que conhecemos e descobrimos mais sobre as pessoas e sobre nós mesmos; é através dela que podemos desenvolver a liberdade e a consciência, a união e o progresso, a verdade e a vida!